O que é, como se faz e quais as vantagens desta técnica que mesmo parecendo velha conhecida, tem recebido hoje, alto nível de aceitação e adoção.
Um orador e alguns discípulos à sua volta, discutem temas existenciais e filosóficos. Antiguidade, ano de 470aC, todos os dias eles se reuniam na àgora, no antigo mercado de Atenas.
O método, chamado de socrático, consistia em propor temas, instigar idéias com perguntas, ouvir o que os discípulos tinham a dizer, ensinar e, principalmente, aprender. Seu objetivo básico era desenvolver as pessoas que o rodeavam, abrir suas mentes e buscar o aprendizado dentro de si mesmo.
Dois mil e quinhentos anos depois, seu método de trabalho (Maiêutica) está se transformando em uma das mais importantes ferramentas de executivos e na área de Recursos Humanos. Na moderna versão corporativa, a técnica socrática ganhou uma nova denominação: o Coaching
Há tempos que a sistemática de aconselhamento em gestão tem sido uma ferramenta estratégica das empresas, notadamente no que se refere presidência, diretoria e gerência: líderes. Esta prática propicia uma análise conjunta entre empresa (Presidência/Diretoria) e um consultor empresarial, para a criação de alternativas e definições estratégicas do negócio e, principalmente, da gestão dos negócios. O coaching acompanha as fases de processos de mudança das organizações e se fundamenta no princípio de que, em decisões estratégicas a diversidade de opiniões, de pontos de vista e análise são fundamentais para consolidar a eficácia das decisões.
Já o coaching personalizado segue a mesma tendência.
Observou-se neste a necessidade da diversidade na análise dos fatos e na visão de alternativas, isto quer dizer que a contribuição na análise e a opinião externa, de um profissional, possibilitará solucionar com mais facilidade as situações, devido a isenção profissional, bem como a descoberta de novas alternativas para os problemas do dia a dia.
É neste contexto que o coaching constitui uma poderosa ferramenta a ser utilizada tanto para o executivo como por ele mesmo, para melhorar continuamente o capital humano sob sua liderança.
Atualmente, as organizações estão buscando definir as condições para implantar e implementar programas de coaching. Nestes, o coach é treinado e preparado para proporcionar parcerias que produzam resultados no âmbito pessoal e profissional, auxiliando no desempenho e conseqüentemente, na qualidade de vida dos clientes.
No coaching personalizado, o profissional especializado tem a missão de ajudar o seu cliente a atingir objetivos acordados logo no início do processo. Normalmente inclui uma sessão longa, na qual é feita uma avaliação da situação, da meta a ser alcançada e dos passos necessários para se chegar lá. A partir daí, são realizados encontros semanais para implantação e acompanhamento do plano - cuja agenda é definida pelo cliente.
Já o coaching organizacional tem o propósito de estabelecer uma cultura de coaching na empresa. Desenvolver a capacidade de liderança nos executivos, focando num trabalho de melhoria da performance e desempenho de um grupo de profissionais. Isso poderá ser feito através da implantação de um programa para transformar os gerentes da empresa em coaches, o desenvolvimento de missão e visão da empresa, o estabelecimento de planejamento estratégico e de marketing e a resolução de conflitos internos.
Deve-se levar em consideração que independente da forma adotada, o coach precisa ter um conhecimento sólido da cultura da empresa. Tem que conhecer todos os programas de treinamento em andamento, os principais projetos e a filosofia de gestão (DINIZ, 2006). Esse processo irá acontecer através de uma interação coach/cliente fazendo com que o cliente descubra seus sonhos, metas e seu potencial inexplorado, Ajudando-o a transformar esse conjunto em ação e a manter o foco no seu caminho, no seu projeto.
Na minha experiência como coach, encontrei profissionais com altíssima capacidade de criação e idéias brilhantes, mas com alguma dificuldade para colocar seus pensamentos e ações dentro de um panorama organizado e objetivo para alcançar resultados. Logo, o coaching personalizado tem como alvo principal, o executivo.
Desta forma, o coaching personalizado tem como foco o acompanhamento das necessidades quotidiana dos executivos em geral, isto é, acompanhamento das questões diárias de gestão, de estilos de liderança, de análise de alternativas, de dificuldades de ordem pessoal e, até mesmo, de dificuldades causadas por processos de desenvolvimento e carreira.
Encontramos excelentes profissionais com competência técnica mas com pouca experiência gerencial, de condução de equipes e de desenvolvimento de processos de análises estratégicas para seus negócios.
Definir indicadores, metas, prazos e desafios são fatores inerentes à atuação do coaching. O executivo deve entender e poder monitorar o seu próprio processo de desenvolvimento e crescimento. É fator de auto-motivação e de definição de alvos, mesmo que gradativos e progressivos.
O profissional do coaching deve estabelecer parâmetros de controle e acompanhamento. Nesta área é até permitido que ocorra uma ação mais pragmática e impositiva do aconselhador no sentido de definir um procedimento de acompanhamento quantificado.
O mundo empresarial está vivendo um momento de intensa transformação, exigindo dos profissionais um investimento contínuo na expansão e renovação de suas competências de cunho técnico e relacional. Estar numa posição de liderança traz a necessidade da renovação de habilidades, atitudes e comportamentos que nem sempre são facilmente desenvolvidos e praticados.
Como afirma Laurence Lyons, "O sucesso corporativo está agora intimamente relacionado à maneira como os executivos pensam, agem e interagem" e o coaching é um convite e uma oportunidade ímpar para eles analisarem suas crenças a respeito de si mesmo e do mundo à sua volta, reverem suas ações e interações e o papel que representam nas corporações.
Vimos até aqui, muito sinteticamente, características de um processo de coaching, com “n” possibilidades de resultados que um coaching personalizado pode propiciar aos executivos e consequentemente as empresas.
É importante observamos que atualmente, a solidão dos executivos para a descoberta de caminhos alternativos do seu próprio desenvolvimento é, muitas vezes, um obstáculo difícil de ser solucionado sem uma “parceria” profissional.
“Há uma grande diferença em conhecer o caminho, e percorrer o caminho”. (Frase de Morfeu para Neo, filme Matrix).
Rita Nogueira
