sábado, 26 de junho de 2010

Visão Estratégica: Competência Crítica para o Sucesso das Empresas Modernas

“O segredo do sucesso não é prever o futuro,
mas criar uma organização que prosperará
em um futuro que não pode ser previsto”
Michael Hammer

Com a globalização as empresas sentem a necessidade de uma nova visão, e uma mudança de paradigmas. Onde antes existia desafios e competitividade, dá-se lugar a desafios e superação de limites.

A sobrevivência e o sucesso da empresa dependem de um conjunto de escolhas – uma estratégia – para evoluir e se expandir no cenário competitivo. Desenvolver uma estratégia superior é definir e explorar uma posição estratégica no negócio que seja distinta da criada pelos seus concorrentes, ao mesmo tempo em que procura continuamente novas posições que permitam à empresa aproveitar as oportunidades emergentes no mercado e, por outro lado, proteger-se das ameaças que podem fragilizar seu poder de permanência.

A maioria das organizações sucumbe prematuramente porque sofre de incapacidade ou deficiências de aprendizado. São empresas que não conseguem interagir com o seu ambiente externo para apreender o sentido da mudança e se aprimorar rapidamente – evoluir para se adaptar e sobreviver.

Percebemos então, que se justifica o retorno triunfal da competência estratégica nas empresas. Refiro-me, principalmente, à visão estratégica como ferramenta de análise que auxilia as pessoas a estruturarem corretamente suas reflexões sobre a competitividade da empresa, de seus produtos e serviços. E quanto maior o número de pessoas na empresa com esta capacitação, maior será a habilidade da organização em repensar em si mesma e em se adaptar ao ambiente em velocidade evolutiva crescente.

É preciso investir em capacitação. Os líderes e suas equipes precisam aprender a pensar e a compreender os movimentos da organização, da concorrência, do consumidor e dos parceiros, entre outras questões, para poderem opinar sobre as escolhas estratégicas da empresa e colaborar ativamente com os executivos.

Esta capacitação proporciona às pessoas o reconhecimento mais rápido e transparente das necessidades reais de aprimoramento competitivo da empresa. E ao compreender a rota de evolução estratégica da organização, o indivíduo curiosamente se conscientiza de suas próprias necessidades e prioridades de crescimento – o hábito de pensar na estratégia da empresa desenvolve nas pessoas a habilidade de pensar a sua própria estratégia

Desta maneira, os colaboradores poderão realizar escolhas pessoais de desenvolvimento mais eficazes e construtivas para suas carreiras que, ao mesmo tempo, agregam valor à sua vida e à empresa.

A visão anterior de que “não dá para vencer com pessoas ‘mais ou menos’” dá lugar a investir no potencial humano para o crescimento da empresa, visando a excelência e a qualidade.

Existe uma crença que a cultura empresarial brasileira é de ser complacentes. Por um lado, esta visão de complacência só vem a contribuir para que se invista no colaborador. Porque aquele colaborador não está acompanhando o ritmo da empresa? É neste ponto que entra a nova visão do líder.

Surge então, um novo profissional. O líder é alguém que traz resultados, que conheça o mercado, fale a língua do acionista – e ainda esteja de bem com a vida...

Logo, o líder tem que ter uma visão estratégica. O que fazer com aquelas pessoas pouco excelentes?

Durante minha trajetória profissional em coach, treinamento e desenvolvimento organizacional, já me deparei com empresários, diretores, gerentes, supervisores que me dizem: " - Minha telefonista é um horror!" . E eu respondo: " - Mas ela continua lá?" E sempre vem uma resposta do tipo: " - Ela começou comigo faz muitos anos..." ou ainda " - Ela tem cinco filhos, mora longe..." ou ainda pior " - Foi um vereador amigo meu quem a indicou...". E assim a empresa vai mantendo essas pessoas de baixa qualidade! É o vendedor ruim - que não vende e ainda fala mal de nossa empresa. É a balconista mal educada que trata mal nossos clientes. É o motorista desleixado que não cuida do veículo e ainda reclama o tempo todo, etc.

Como citei anteriormente, é importante o investimento em treinamentos, desta forma trazendo aos colaboradores a visão de sua responsabilidade com a empresa. Porém não se pode despender muito tempo carregando pessoas que não se interessem em sua auto-evoluçao, tão pouco na evolução da empresa. Manter pessoas de baixa qualidade na empresa é como se estivesse fazendo cortesia com o emprego dos outros. Coloca-se em jogo neste momento, todo o investimento da empresa, em treinamentos e no trabalho de equipe. Bem como a sobrevivência organizacional nestes tempos de competição brutal no mercado.

Este é o outro lado da cultura da complacência: O não interesse pela excelência é um mal que tem trazido conseqüências danosas para as empresas. E muitas vezes, somos complacentes com a baixa qualidade das pessoas por pura preguiça. Preguiça de recrutar e selecionar uma nova pessoa. Preguiça de treinar; preguiça de corrigir comportamentos e atitudes. E a verdade é que quase sempre essa preguiça vem disfarçada de comentários do tipo: " - Não adianta trocar de pessoa - hoje ninguém presta mesmo!" ou ainda " - Só vamos trocar de defeitos. Esta tem um defeito, a outra tem outros e tudo acaba na mesma..." . E assim, vão ficando com pessoas incompetentes e de baixa qualidade na empresa.

Outro efeito não-linear da complacência é que os demais colaboradores da empresa, quando vêm o excesso de complacência das chefias com quem não é excelente, ficam totalmente desmotivados a exigir mais de si próprios e a buscarem a excelência. Afinal o que ganham em ser excelentes, se quem não é excelente é mantido na empresa e muitas vezes até promovido?

Conheço empresas em que os funcionários mais "espertos" já aprenderam que fazer o chamado "marketing interno" ou "saber vender-se bem internamente" ou ainda "bajular" as chefias bastam para que fiquem no emprego, independentemente de fazer o trabalho com real competência. Essas pessoas percebem rapidamente que a empresa dá pouco valor ao que realmente ocorre no mercado ou com os clientes. E as pessoas chamadas de "comuns" e "simples" que cumprem o seu dever, fazem as coisas certas e não se preocupam ou não têm a chamada "aptidão" para vender-se internamente ficam para trás nas promoções e nos programas de incentivo tão em moda hoje em dia.

O dirigente empresarial, hoje, não pode aceitar e ficar inerte frente a situações que comprometam o futuro da empresa, da marca, do negócio. A complacência com a baixa qualidade e qualificação de nossos colaboradores significará aceitar a derrota por antecipação. E para derrotados nenhuma explicação salva, nenhuma desculpa compensa, nenhuma complacência justifica.

Portanto a complacência é fatal quando: perceber a desídia, a falta de comprometimento, o descaso, o descuido dos detalhes, a falta de compromisso em terminar as tarefas iniciadas.

Neste momento surge o papel do líder. É importante que sejam muito mais que líderes de equipes. As organizações querem alguém que articule e envolva pessoas.

O dirigente deve ser assertivo, e chamar a atenção.

O líder agora vai alem de gestão de pessoas para ser efetivo na entrega de resultados. Antes de tudo deve ser líder de si mesmo. Sua auto-evoluçao vai resultar em exemplo aos componentes da sua equipe.

Muitas vezes as pessoas discutem as diferenças e semelhanças entre liderança e administração. Contudo, a maioria das pessoas práticas está interessada antes de mais nada naquilo que devem fazer, e não se isso deve ser denominado de “liderança” ou “administração”, ou de ambas as formas. Como diz um provérbio chinês: “O que importa se um gato é preto ou branco, contanto que cace ratos?”

Uma das piores coisas que pode acontecer com uma empresa é perder o conjunto de valores que faz com que ela seja ela mesma, reconhecida e respeitada por clientes e colaboradores.

Isso não é nada difícil de ocorrer.

A cultura da empresa deve ser constantemente semeada, principalmente em épocas de crise. Só assim uma companhia sobrevive ao tempo.

Finalmente, a visão estratégica cria novas bases de relacionamento nas equipes, ao revelar, clara e indiscutivelmente, que o compartilhamento natural do conhecimento e das melhores práticas (aprendizado) é o caminho mais rápido e seguro para capacitar as empresas a prosperar em um futuro que não pode ser previsto.

Por Rita Nogueira